Standing with Ukraine I

TRÍPTICO A CARVÃO E SANGUE

I – AUTO-RETRATOS HUMANOS

Olhai o mundo que desaba nesta terra

A fera tudo quer devorar
Sem dó nem piedade tudo leva, tudo mata
Com a perfídia de quem não ama
Nem conheceu jamais a leveza desprendida da inocência.

Aquela, aquela concha onde se abrigava a vida,

De quem é aquela e aquela e a outra
E esta que me leva em pedaços para o abismo?
É tua?
A minha casa!
Já não é
Já não ocupa o espaço
Em que os braços dos justos se cansaram
A erguer com o ânimo dos livres
Esta casa, todas as casas do futuro
O dia translúcido em que tudo nascia
Para cumprir o querer mais profundo
Para poder, enfim, erguer a pátria
A liberdade consumada e viva. 

Será talvez a minha casa, extinta

Será talvez a ruína do que fui
Penando, labutando, recomeçando
Vez após vez.
Não sei ler as ruínas
Todas tão iguais no seu vazio
Nos seus ângulos de poeira e sangue
Perdem-se entre a dor que já não tem lágrimas
É a dor que move os meus passos
Leva-me pela mão
Não sei para onde
Não sei o que virá
Não sei que forma terá o tecto da minha noite
Não sei que vultos se escondem atrás do fumo
Nas mentiras que rasgam com balas e horror
As linhas antigas do horizonte
Só queria abraçar os meus filhos
Os que se batem pela pátria
Os que levaram para os gulags do império funesto
Os que não nasceram ainda.

E a minha também

Também eu morei ali
E fui feliz e olhei as pradarias floridas
Como se não tivessem fim
Nem houvesse inimigos no mundo
Colhi as flores do tempo
Colhi as flores da paz
Entrancei-as nesta grinalda que não fenece
É a minha coroa de espinhos
É a minha coroa de esperança
Aonde irei, ela irá comigo
A ela se resume toda a minha riqueza
A minha teimosia floresce
Deixa cair no solo dorido
As sementes das estações só nossas
Que virão depois
Em breve
Em breve a força indómita dos heróis
Conhecerá o aroma da colheita.

Mais breve do que a queda do vil tirano

Como no meu desenho de memórias
De ontem, de há cinco minutos atrás
De há trezentos anos no meu livro de História
Com Taras Shevchenko repito de cor
O amor que me trouxe aqui
Que me faz renascer das cinzas.
A lucidez que não pedi nem quis
Faz-me envelhecer antes do tempo
Levanto-me de cada vez que caio
A bombarda empurra-me para trás
Mas eu caminho sempre em frente
Leva-me o vento, leva-me o sangue
Que me corre nas veias,
Leva-me, Taras, nos teus poemas
Escravo não serei mais
Isso já eu fui, os meus pais, os meus avós
Deles herdei este invencível ânimo.

Dá-me tu um pouco do teu alento

Desenha-me um céu de cristal
Que me defenda como o aço
Sou menos forte do que tu
Alimento a minha esperança
Na coragem dos outros
De ti, teimosa criança
De ti, soldado generoso
De ti, samaritano bendito
De ti, que não conheço
Dizes que não és ninguém
Trazes-me conforto e sossego
Mesmo que só por breves instantes
E partes logo em seguida
Porque há outros frágeis
Gastos pelo tempo, pela vida, pela guerra
Outras vozes chamam por ti
Sem jamais dizerem o teu nome.

Nunca soube o teu nome

Tiveste sempre tantos nomes
Tu rias-te e dizias-me o teu nome
Que não era o teu nome
Não podias dizê-lo
O teu nome é a tua força e a tua bondade
O teu nome é o condão de seres outro
Sendo sempre o mesmo.
Já tiveste tantos rostos
Já escapaste a tantas balas
Já salvaste tantas vidas
Só quero que vivas e morras velho
Tu que és tão jovem e tão velho
Tu que és um e todos os soldados.
Enquanto estiveres lá longe
Guardarei por ti a tua bicicleta azul.
Se não voltares e eu viver
Hei-de viajar nela por esses campos
Que tu tornaste de novo livres
Hei-de lembrar-me sempre de ti.

Aquela era a minha bicicleta azul

Ou talvez fosse a tua
Agora são a mesma
Faltam-lhe as rodas
Ficou o azul, tão límpido como o céu
Talvez tenha sido a chuva
Ou talvez sejas apenas tu a lembrar-te de mim.

Aquela era a minha casa

Já não está lá, eu sei
Mas era aquela
Tenho a certeza absoluta
Tinha girassóis no jardim
Tinha cortinas azul celeste
No meu quarto havia um retrato maior do que os outros
Era a minha mãe, quando a minha mãe
Podia ser mãe todos os dias
E eu também estava lá
Estávamos todos lá
É esta a moldura feita em pedaços
Do retrato não sei
Aonde estará a minha mãe?

Só ficaste tu

E como és grande e forte e terna
E eterna!
Chamo-te mãe
Chamo-te tudo
És a mãe de todos nós
Como já foste avó e a avó das nossas avós
Conheço-te de cor
Mesmo os recantos onde nunca fui
Sei que me pertences e eu te pertenço
És maior do que o próprio mundo
Tu sabes que falo de ti…


São Ludovino, 5/6/2022

Azovstal defenders by Dmytro 'Orest' Kozatskyi.



«Переломний момент: Війна за демократію в Україні» — американо-український документальний фільм режисерів Марка Гарріса та Олеся Саніна про події в Україні 2013—2016 років.

Дата випуску: 16 лютого 2017 р.
Режисери: Олесь Санін, Марк Джонатан Гарріс
Продюсери: Олесь Санін, Марк Джонатан Гарріс,
Пол Воланський, Максим Асадчий, Пітер Борисов
Автор сценарію: Марк Джонатан Гарріс, Пол Воланський
Оператор: Ронан Кіллін, Ярослав Пілунський, Yurij Dunaj

Фільм оповідає про події Революції Гідності, анексію Криму Росією та війну на сході України. У фільмі використовуються фрагменти документальних кінохронік та свідчення очевидців та учасників подій. Під час створення фільму були записані свідчення 86-х учасників Революції гідності та учасників війни з Росією, відзнято понад 600 хвилин кіноматеріалу.

Фільм «Переломний момент: Війна за демократію в Україні» став найкращим на кінофестивалі «EtCultura» та потрапив до «лонг-ріду» (довгого списку) номінантів на премію «Оскар» в категорії «найкращий документальний фільм»

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"Tipping Point: The War for Democracy in Ukraine" é um documentário americano-ucraniano dirigido por Mark Harris e Oles Sanin sobre os acontecimentos na Ucrânia entre 2013 e 2016.

Data de lançamento: 16 de fevereiro de 2017.

Realizadores: Oles Sanin, Mark Jonathan Harris
Produtores: Oles Sanin, Mark Jonathan Harris,
Paul Volansky, Maksim Asadchy, Peter Borisov
Roteiro: Mark Jonathan Harris, Paul Wolansky
Cinematografia: Ronan Killeen, Yaroslav Pilunsky, Yurij Dunaj

     O filme fala sobre os acontecimentos da Revolução da Dignidade, a anexação da Crimeia pela Rússia e a guerra no leste da Ucrânia. O filme utiliza fragmentos de cine-jornais documentais e depoimentos de testemunhas oculares e participantes nos eventos. Durante a realização do filme, foram registados os depoimentos de 86 participantes na Revolução da Dignidade e participantes na guerra com a Rússia, mais de 600 minutos de filmagem foram filmados.

     O filme "The Turning Point: The War for Democracy in Ukraine" foi considerado o melhor no festival de cinema EtCultura e foi incluído na "longa lista" de indicados para o "Óscar" na categoria de "melhor documentário".

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"Tipping Point: The War for Democracy in Ukraine" is an American-Ukrainian documentary film directed by Mark Harris and Oles Sanin about events in Ukraine between 2013 and 2016.

Release date: February 16, 2017.

Directors: Oles Sanin, Mark Jonathan Harris
Producers: Oles Sanin, Mark Jonathan Harris,
Paul Volansky, Maksim Asadchy, Peter Borisov
Screenplay: Mark Jonathan Harris, Paul Wolansky
Cinematography: Ronan Killeen, Yaroslav Pilunsky, Yurij Dunaj

      The film tells about the events of the Revolution of Dignity, Russia's annexation of Crimea and the war in eastern Ukraine. The film uses fragments of documentary newsreels and testimonies of eyewitnesses and participants in the events. During the making of the film, the testimonies of 86 participants in the Revolution of Dignity and participants in the war with Russia were recorded, more than 600 minutes of footage were filmed.

      The film "The Turning Point: The War for Democracy in Ukraine" became the best at the EtCultura film festival and was included in the "long list" of nominees for the "Oscar" in the category of "best documentary".


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