* NO INÍCIO, ERA O VERBO...
APRENDIZ UNIVERSAL
(o site original)
O site original
iniciava-se com uma advertência que já não é inteiramente verdadeira, pois a
Google descontinuou os sites clássicos, impedindo a continuação da edição e,
eventualmente, a própria visualização. Era esta a advertência: «Este site
atingiu a sua capacidade de armazenamento. Continua no novo site O UNIVERSO DO APRENDIZ. Ambos os sites continuarão activos.» Na verdade, nem sei se continuarão visíveis.
O Longo Aforismo
As coisas quase nunca parecem o que são...
no meio de um livro
e nunca a mostre a ninguém
e negue a sua realidade se alguém a encontrar;
e há quem morda um corpo todas as noites
e não saiba adormecer sem lhe tocar;
e há quem procure um corpo
num corpo diferente
a cada instante.
E tudo isto parece ser simplesmente
a mesma coisa ― Amor ― .
E há quem se sente em lótus num templo de Buda;
e quem se ajoelhe numa catedral grandiosa,
onde Cristo permanece calado no seu eterno crucifixo,
e pense comer o seu corpo branco;
e quem navegue por rios vermelhos a caminho de Meca,
porque antes de se aconchegar no harém das virgens
tem de beijar a Caaba para ser puro
ou o senhor do império de Alá na Terra;
e quem se lamente e implore junto ao mesmo muro,
que chora há mais de dois mil anos,
na cidade de todos os sonhos e todos os martírios,
não sabendo onde começa Sião e acaba Babel,
sem saber se esse é o dia em que não voltará vivo a casa.
E todos parecem fazer o que fazem
pela mesma razão ― Deus ― .
Contudo, as coisas
quase nunca são o que parecem...
Junto ao Templo de Atenas
Pensar em partir para a Abissínia
vai levar-me a misturar na mesma imensa alucinação
melopeias e melissa.
Não voltarei a adormecer em torres de menagem.
Ontem fitei durante toda a noite Cassiopeia;
pareceu-me mover-se para Oriente,
mas talvez fosse apenas por eu atribuir ao Sol nascente
uma alma quase gémea do Sul.
Gémea foi uma das que eu fui
da ardente Melusina
que se serenava em prata e azul
nos crepúsculos rochosos das escarpas.
Foi aí que a Grécia misturou o sabor do mar
à paixão,
à transcendência,
à comunhão e temor cósmicos,
ao mistério de partilhar a consciência de ser.
Outrora me consagrei às águas numa tragédia;
era Primavera e eu contemplava o Outono eterno.
Era o último sonho nas escadarias do Templo de Atenas.
Olho-te sempre e ainda.
Não terás tempo de me chamar;
sou já somente um reflexo da água na tua fronte...
Suy / São Ludovino (14/1/1986)
MEMORY,
HITHER COME
I'll drink of the clear stream,
William Blake (1757-1827) from The Seven Songs
Anelo
Só aos sábios o reveles
“Morre e transmuta-te”: enquanto
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
D’ARC
“A tortura é uma arte”
Suy
/ São Ludovino, 8/11/1984
The copyright of this movie and of the musical themes belong to the original authors and / or to those who
represent them. / Os direitos de autor deste filme e dos temas musicais usados pertencem aos autores originais e /ou a quem os represente.
Suy / São Ludovino
Antonio Machado
(1875-1939)
Shall I compare thee to a summer's day?
Shall I compare thee to a
summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this and this gives life to thee.
William Shakespeare (1564-1616), Sonnets, Sonnet XVIII

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