Standing With Ukraine III

 TRÍPTICO A CARVÃO E SANGUE

III – AS FERAS

Neste reino de feras não há fronteiras

Todo o mundo é um covil

Todos convivem e tramam na mesma toca imunda

Todos são presas ou escravos das feras.

Os escravos são ainda a primeira espada do arsenal

Morrem os escravos, mas não se gasta a espada

Que é bala, morteiro, míssil, rajada de ódio e mentira.

Outrora o império inchava em redor

De um centro pútrido na sua pompa

Agora outro império mais bárbaro se agiganta.

O centro é o mesmo, cada vez mais infecto e monstruoso

O extremo do império é simultaneamente o próximo

E o que repousa nos antípodas.

Vem, vem, entra no palácio fraterno do grande pai!

Daqui ninguém sai vivo

Morre antes pela grande fera que te ama

Porque morres apenas para saciar a sua gula.

Este mundo é demasiado pequeno

Para tão grande império

Morre, morre, morre vezes sem conta

Tu, os teus filhos, os filhos dos teus filhos

São os pilares do império.

Não voltes o rosto, não faças de conta que não ouves

Não tentes escapar, toupeira cobarde

A liberdade que te oferecem não vale nada

Aqui, só aqui, tens a liberdade de ser e poder

Basta que alimentes a fera…

 

São Ludovino, 9/12/2022

Azovstal defenders, photography by  Dmytro Kozatsky (call-name “Orest”).



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